A XMenu esteve presente na NRF 2023, a maior feira de varejo do mundo que aconteceu entre os dias 15 e 17 de janeiro em Nova Iorque. A edição desse ano marcou o retorno do grande público após a pandemia da Covid-19 e reuniu mais de 35 mil pessoas com mais de mil expositores de 75 países diferentes. Entre esses impressionantes números de audiência, destaque para presença de brasileiros que representaram o varejo brasileiro com mais de 2 mil pessoas na feira.
Estive lá e conferi de perto as novas tendências e o que já é realidade para o varejo em geral, sempre com um olhar voltado para o foodservice, que é nosso foco.
Fui com a comitiva da Elgin Automação e fomos recebidos em gigantes como Microsoft, Google, Oracle e Adobe, vimos em primeira mão novas tecnologias e tendências que estarão no Brasil no segundo semestre.
Quando se vai num evento dessa envergadura e para uma cidade como Nova Iorque a comparação entre o que está na exposição, a tecnologia encontrada no comércio da big apple e o que temos no Brasil é inevitável e imediato.
A cidade é um verdadeiro contraste entre tecnologia de ponta e hábitos antigos que seriam impensáveis no Brasil. Um claro exemplo que não funciona no Brasil é a forma 'americana' do garçom atender na mesa e lançar tudo num terminal touch no canto do salão. Na hora da conta, você entrega o cartão para o atendente que leva seu cartão para o terminal, lança o total, imprime a conta e pede para você colocar a gorjeta, depois ele volta no terminal (sem o seu cartão!) e lança quanto ele quiser. Já aqui na terra dos brazucas, temos um alto grau de tecnologia com POS móveis e nossos clientes conseguem atender muito melhor, em menor tempo e com toda a segurança, ponto pra gente!
Agora falando especificamente do que vi na exposição, vou listar e ilustrar o que já é realidade no mundo e deve arrebentar no Brasil nos próximos meses:
Totens para autoatendimento
Praticamente todos os estandes tinham um totem para fazer autoatendimento, seja para demonstrar alguma funcionalidade de hardware, seja para vender o equipamento, ou simplesmente para demonstrar seus produtos sem nenhum vendedor.
Muitas lojas em NY já contam com os equipamentos e algumas não possuem mais caixas.
É questão de pouco tempo e no Brasil teremos essa avalanche de totens, visto que o número de fornecedores está aumentando os preços devem se manter e até cair um pouco. Locação segue como ótima opção lá fora e aqui também.
Com os totens o 'TEF' brasileiro (pagamento via pinpad integrado ao sistema) volta a ser protagonista, visto a necessidade de finalizar a compra de forma integrada e com interface simples para o usuário final. Ainda temos a vantagem do PIX, com ele temos mais uma forma de pagamento eletrônica e de baixo custo e alta segurança como alternativa, o que não existe por lá.
Android dominando o ponto de venda
Praticamente todas as lojas que visitei, cafés, lanchonetes, etc, Tudo tem Android. Mas não são tablets desses que você compra na internet de uso pessoal. São equipamentos preparados para o ambiente de comércio, com impressoras e periféricos conectados, suportes apropriados, enfim, desenhados para ser usado no balcão de uma loja.
Etiquetas Eletrônicas
O fim das etiquetas de gondola está próximo. Com essas poderosas etiquetas eletrônicas barateando de custo, com administração remota, coloridas e ainda sustentáveis do ponto de vista ecológico, estas belezinhas deverão dominar todo o comércio em geral. Fora o custo inicial, não existem motivos para ela não estourar. Alguns fabricantes já estão fabricando por aqui, como a Elgin por exemplo.
Vendas sem contato
Para mercados e lojas a identificação visual ou mesmo de etiquetas RF ID de última geração e mais baratas já é realidade. Fui em algumas lojas que não possuíam caixas, você simplesmente colocava as compras no balcão de saída e passava o cartão de crédito. A tecnologia usada na Amazon GO, loja autônoma da Amazon já está no Brasil e em breve ficará mais barata e acessível por aqui.
Experiência Phygital (Físico e Digital)
O comércio em geral já está na vibe do Phygital. A experiência do cliente no ambiente físico e digital rompeu as barreiras e as lojas online e físicas estão se complementando. O cliente pode iniciar uma experiência de compra no físico e ir para o digital e vice versa. Com o advento da pandemia e a disparada no delivery, andamos mais rápido no food aqui no Brasil, mas de forma desorganizada. Seu cliente tem que encontrar (dentro do possível) tudo que tem na loja física no online. A digitalização não passa apenas por fazer um pedido no iFood e sim, conhecer seus clientes mais de perto, informações no site, trazer a experiência de pertencimento ao cliente. Isto faz parte também de algumas tendências que falarei mais a frente.
Omnichannel (Vários canais de atendimento)
Hoje é uma exigência do consumidor. Ele quer ser atendido na sua plataforma de preferência e o lojista tem que conseguir centralizar o atendimento, este é o principio do omnichannel. Traduzindo para um bom português, se o cliente quer ser atendido via whatsapp, ifood, site, telefone, direct, seja por onde for, o lojista tem que estar preparado. A comodidade e experiência do cliente em qualquer canal de compra (incluindo o físico) tem que estar disponível para uma geração que já chega exigente como a gerações Z e Alpha.
E quais são as tendências? Para onde estão apontando os grandes players mundiais?
Experiência de compra
Além de ser uma realidade (Phygital) temos tendências de ferramentas que chegam para incrementar a jornada dos clientes. Uma delas é a realidade aumentada. A facilidade de manipular objetos em 3D para conhecer muito bem o produto e evitar trocas foi muito vista no evento. Outra novidade interessante foram os hologramas. Você tira uma foto e um holograma em 3D é gerado e vc pode facilmente experimentar roupas sem ter que entrar num provador.
Mapeamento de clientes e IA
Hoje muitos lojistas tem uma massa de dados imensa e estão sentados em uma mina de dinheiro e não sabem. Esta é a proposta das IAs para o comércio. Tentar minerar esses dados de forma a antecipar compras ou mesmo prever clientes que se adequem à novos produtos que serão lançados, direcionando suas campanhas de marketing.
Logística de entrega robotizada
Com o delivery ainda em alta (não tanto quanto na pandemia), a preocupação com a separação e preparação dos pedidos começa a tomar contornos futurísticos. Vi coisas impressionantes. O funcionário recebe o pedido no celular, seleciona o produto do pedido no aparelho e aponta a câmera para a prateleira, rapidamente o app indica qual o produto correto para ser coletado, coloca na bandeja de despacho e lê um código de barras, esta bandeja escorrega automaticamente e vai parar em cima de um pequeno robô que cruza com outros tantos robôs pelo caminho para ir ao próximo ponto de coleta ou para despacho, tudo isso sem nenhum acidente.
Conclusão do evento
Estou no mercado de food desde 1996, passei por várias transformações tanto tecnológicas como de processos e culturas, e posso afirmar, sem medo de errar, que estamos muito bem obrigado em termos de tecnologia para food aqui no Brasil. Claro que o custo do dólar ainda inviabiliza a venda em grande escala de equipamentos mais sofisticados, mas até que conseguimos contornar bem essa situação com os aplicativos. Somos bons nisso. Os aplicativos que vi na NRF 2023 e em NY não eram mais bonitos, nem mais amigáveis que os que comercializamos por aqui. A Elgin está trazendo para o Brasil várias opções de Android que facilitarão o acesso as essa nova tendência de equipamentos, juntamente com as bandeiras de cartão que estão despejando POS Android no mercado.
Participar de um evento desses e ver que não estamos para trás é uma satisfação muito grande. Faço parte da história desse mercado de tecnologia de food faz muito tempo, desde o tempo do MisterChef, e constatar que, apesar de todas as crises e desvalorização da nossa moeda, o software brasileiro tem muito samba no pé.